ABC COOP
Texto e imagens de Andrea Sellanes
Entre os anos de 2001 e 2002, uma empresa de transporte urbano entra em falência na cidade de Colônia do Sacramento, no Uruguai. Os seus trabalhadores resolvem fundar uma cooperativa, assumindo os riscos.
Acrescentam a palavra Coop ao antigo nome ABC para sinalizar a mudança. Os novos números que identificam os ônibus homenageiam acontecimentos importantes, relacionados à trajetória da cooperativa ou a fatos históricos revolucionários.
Luis Rivas, secretário da ABC Coop, conta que o ônibus 10 é homenagem ao primeiro ônibus 0 km adquirido depois de dez anos de gestão operária; o ônibus 17 homenageia a Revolução Bolchevique, ocorrida em outubro de 1917; o ônibus 26 refere-se a 26 de julho de 1953, dia do Assalto ao Quartel de Moncada, Cuba; o número 43 sinaliza o número de estudantes desaparecidos de Ayotzinapa; o ônibus 59 lembra o aniversário da Revolução Cubana, em 1º de janeiro de 1959, e o ônibus 71 homenageia a Comuna de Paris, fundada em 1871.
O significado dos números é complementado por ideias e ações divulgadas em programas de rádio conduzidos pelos cooperados. A relação conflituosa com o governo federal e com o sindicato é sintetizada na frase do herói nacional José Gervasio Artigas: “Não podemos esperar nada exceto de nós mesmos”, pintada na sede da cooperativa.
Andrea Sellanes
Arquiteta graduada pela Farq – UdelaR e fotógrafa, membro do Servicio de Medios Audiovisuales da Farq.
Como citar
SELLANES, Andrea. ABC Coop. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, n. 9, p. 42-49, set. 2016.