LAS GAVIOTAS
Texto de Gloria E. G. Mariño e Richard E. White
Fotografias de Otoniel Carreño
A história de uma vila comunitária na Colômbia que construiu um hospital rural bioclimático, bombas de sucção de água acopladas a brinquedos infantis, uma fábrica de água mineral de distribuição gratuitas e regenerou mais de 80 mil hectares de floresta.
No início dos anos de 1970, um jovem visionário chamado Paolo Lugari decidiu dedicar-se à construção de uma vila nas remotas planícies da Colômbia, os Llanos, a cerca de 500 quilômetros da capital, Bogotá. Lugari e sua equipe de colaboradores trabalhavam com a suposição de que, se aquilo pudesse ser feito ali, poderia ser feito em qualquer lugar. Com o auxílio de tecnologias engenhosas de energia renovável, agricultura hidropônica e, surpreendentemente, com uma floresta tropical em regeneração, Las Gaviotas tem prosperado por mais de 40 anos, mesmo em meio aos conflitos internos do país.
Filho de um professor de geografia italiano cujo trabalho de campo o havia levado a se instalar no sudoeste da Colômbia, Lugari visitou os inóspitos Llanos pela primeira vez na década de 1960. Ali, na estação seca entre dezembro e abril, um sol tropical impiedoso faz arder a savana. No resto do ano, chuvas torrenciais inundam a paisagem, deixando as estradas de terra intransitáveis por vários meses. Nesse clima, florestas existem apenas ao longo dos cursos d’água perenes que cruzam a savana, como trepadeiras que se alastram morro acima, saindo dos enormes rios que escoam a água das encostas do leste dos Andes até o Rio Orinoco e o mar do Caribe.
Em uma época em que o embargo petrolífero da OPEP criava problemas de escassez de energia em todo o mundo, Lugari concebeu a ideia de retornar aos Llanos para construir uma vila autossuficiente em energia renovável. Durante essa primeira viagem feita com seu irmão, Lugari acampou em um assentamento que havia sido erguido originalmente como apoio para a construção de uma estrada que nunca saiu do papel. A visita de um pássaro de bico amarelo (Sterna superciliaris) a seu acampamento, comumente conhecido como gaviota (em português, gaivota) pela população local, inspirou o nome do projeto.
Lugari montou uma equipe de engenheiros, artistas, estudantes, moradores e órfãos das ruas de Bogotá. Uma das primeiras criações do grupo foi uma turbina supereficiente para gerar dez quilowatts de energia elétrica a partir do fluxo de água sobre uma pequena barragem, de apenas um metro de altura. Mais tarde, a equipe produziu um moinho de vento de duplo efeito, que consegue capturar energia de brisas passageiras ao mesmo tempo que tem resistência mecânica suficiente para suportar as violentas tempestades da estação de chuvas. Os esforços da equipe também resultaram em uma bomba d’água manual especial que consegue extrair água de profundidades maiores que as de costume, permitindo atingir o lençol freático da savana mesmo durante a estação seca. Em um dos desdobramentos criativos típicos do grupo, a equipe de Lugari prendeu uma dessas bombas a uma gangorra, de forma que as crianças pudessem realizar um trabalho útil e aprender sobre sua fonte de água ao mesmo tempo que se divertiam. Experimentos com o solo local permitiram que a equipe adotasse sistemas de encanamento de adobe e tijolos prensados mecanicamente. Outras pesquisas levaram ao desenvolvimento de um destilador de água movido a energia solar para obter água pura para emergências médicas e baterias de veículos, assim como fritadeiras a óleo, também alimentadas por energia solar.
As primeiras realizações de Las Gaviotas angariaram o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e de outras agências internacionais. Nos anos 1980, a equipe de Lugari foi contratada para instalar suas inovadoras “tecnologias apropriadas” em outras partes do país. Esse trabalho incluiu a implementação, em muitas outras vilas, de sistemas hidráulicos baseados nos moinhos de vento e bombas d’água de Las Gaviotas. A maior dessas empreitadas foi um sistema de água aquecida movido a energia solar para Ciudad Tunal, um conjunto habitacional de seis mil apartamentos em Bogotá. Os equipamentos ainda funcionam perfeitamente, em grande parte graças ao fato de que não necessitam de componentes móveis para operar.
Uma realização notável da década de 1980 em Las Gaviotas foi o projeto e a construção de um impressionante hospital rural autossuficiente. Apesar de temperaturas externas que podem ultrapassar 38 graus Celsius, com umidade altíssima, o singular hospital oferecia um sistema de climatização adequado para uma sala de cirurgia, utilizando tecnologias bioclimáticas como túneis subterrâneos e sistemas de ventilação dupla nas paredes e no teto. A cozinha funcionava com a luz do sol, embora os esforços para criar um refrigerador solar nunca tenham obtido sucesso. Os quartos dos pacientes incluíam janelas com venezianas para ventilação e painéis móveis no teto que deixavam entrar a luz do dia, permitindo a desinfecção pelos raios ultravioleta. As instalações do hospital eram complementadas por uma maloca, uma estrutura alta, com a lateral aberta e teto de palha, construída pelos vizinhos indígenas Guahibo para fornecer acomodação aos familiares de pacientes que desejassem estar perto de seus entes queridos.
Infelizmente, no início dos anos 1990, uma nova política nacional de saúde, espelhada no sistema estadunidense do managed care, levou ao fechamento do hospital. A pequena população dos Llanos não conseguia manter três médicos permanentes (como exigido pela lei) nem atingir o número mínimo de afiliados para uma cooperativa de saúde independente. No entanto, graças a uma criativa transformação facilitada pelo design modular premiado do hospital, o edifício foi convertido em uma indústria de engarrafamento para a Água Natural Tropical Gaviotas. Distribuída gratuitamente para a população local, essa água potável talvez beneficie a saúde pública de forma ainda mais efetiva que o antigo hospital, porque as emergências médicas são raras e a água limpa ajudou a diminuir significativamente as doenças gastrointestinais, que antes registravam níveis altos.
Enquanto o conflito interno se acirrava na Colômbia na década de 1990, Las Gaviotas permaneceu um oásis de harmonia: qualquer pessoa que procurasse cuidados médicos era bem-vinda. A estrutura social igualitária da vila, em que as ideias e opiniões de todos contribuíam para os processos comunitários de tomada de decisão e ninguém detinha uma posição de autoridade, tornaram essa falta de barreiras a sua principal força. No fim, as virtudes sociais e culturais de Las Gaviotas permitiram que a vila escapasse da violência.
Desde o início, o fornecimento de alimentos para a vila era um grande desafio devido à acidez do solo da savana e sua baixa fertilidade, quando medida por métodos convencionais. Os rios forneciam peixes, as fazendas esparsas dos Llanos forneciam carne, e as florestas à beira dos cursos d’água forneciam frutas, mas cultivar plantações estáveis no solo local mostrou-se impossível e a vila passou a contar com jardins hidropônicos. “Esses solos são muito pobres, mas apenas para mentes pobres”, diz Lugari. Uma parte de seu sonho, calcada no conhecimento de que, há milhares de anos, a savana era parte da floresta amazônica, era encontrar uma maneira de regenerar áreas de floresta. Essa busca é um dos mais significativos capítulos na evolução de Las Gaviotas.
A partir dos anos 1980, começaram-se a realizar experimentos com o solo ácido dos Llanos. Quando inoculado com um fungo micorrizal específico, o pinheiro-do-caribe (Pinus caribea), uma espécie nativa da América Central, podia crescer no “solo pobre” da savana. As consequências pareciam quase milagrosas. As árvores recém-enraizadas geravam sombra, diminuindo a temperatura do solo e melhorando a penetração e a retenção da umidade. Em meio aos pinheiros, outras plantas começaram a crescer e, diferentemente do que se faz em plantações de monocultura, deixava-se que florescessem. Todas elas contribuíam para enriquecer o solo. Enquanto os pinheiros atingiam metros de altura, a camada mais próxima ao chão abrigava uma explosão de biodiversidade, e estudos botânicos detectavam mais de 190 espécies diferentes de plantas. Os animais se seguiram às plantas, e o ecossistema emergente continuará a se desenvolver à medida que os pinheiros chegarem à maturidade. Como os pinheiros são estéreis nesse hábitat, contudo, eles servem apenas como catalisadores da regeneração da floresta tropical.
Depois de 1990, a floresta passou a oferecer uma nova base econômica para a resiliente vila. O pinheiro-do-caribe produz uma resina abundante, e, por razões ainda desconhecidas, a produção de resina da vila de Las Gaviotas é particularmente alta. Com o uso de um anticoagulante, cortes no tronco permitem a extração de resina por cerca de duas semanas até que a árvore volte a se selar. As gotas de resina enchem uma bolsa de 50 gramas por semana, gerando mais de três quilos anualmente. Esse processo pode ser iniciado quando a árvore atinge dez anos de idade e pode ser mantido continuamente por cinco anos. Depois de alguns anos de descanso, o processo pode ser repetido sem efeitos adversos para a árvore.
Trabalhadores coletam as pequenas bolsas de resina, colocam-nas em bolsas maiores, e, em seguida, em uma caminhonete que percorre uma estrada que serve simultaneamente como acesso à floresta e como barreira para incêndios. O caminhão entrega o produto na “biofábrica”, uma destilaria de última geração criada pelos engenheiros de Las Gaviotas e alimentada por uma usina de cogeração de eletricidade e vapor, por sua vez abastecida pela madeira que é coletada para podar as árvores e acelerar o crescimento da floresta. Na fábrica, a resina viscosa é liquefeita, enquanto as bolsas são recicladas. Depois da filtração e da sedimentação, a mistura passa por um processo de destilação que recolhe a terebintina e um resíduo conhecido como colofônia ou breu. A terebintina líquida é retirada da camada superior e colocada em tambores de aço. Em uma impressionante e premiada inovação, a equipe de Las Gaviotas criou um contêiner de papelão de camada tripla para receber o breu quente. Ao esfriar, o breu se solidifica em blocos de 25 quilogramas, facilitando o transporte e a extração pelo consumidor final. Nenhuma parte do processo de destilação requer produtos químicos adicionais.
Tanto a terebintina quanto o breu são valiosos produtos para a venda. A terebintina tem uso universal como solvente e desinfetante orgânico; ela também é usada na produção de fragrâncias. O breu é um componente de produtos como papéis brilhantes, tintas e cosméticos, e é o agente utilizado para criar atrito em cordas de violino e bastões de baseball. Além desses produtos, o programa de “arboquímica” de Las Gaviotas planejou estabelecer processos mais sofisticados de biorrefinamento para obter doze outros produtos, incluindo óleos e fragrâncias.
A conquista inicial de viabilizar o crescimento da floresta levou a um enorme esforço de plantio de árvores. Durante o período de plantio de três meses, um trator norte-americano importado – agora abastecido com óleo de palma bruto, eliminando a necessidade de importar diesel – traciona uma plantadora de duas linhas desenhada pela equipe de Las Gaviotas. Essa máquina permite transplantar 30 mudas por minuto, 24 horas por dia, exceto aos domingos. Desde o primeiro plantio no início dos anos 1980, a floresta atingiu mais de oito mil hectares.
Além de gerar produtos derivados da resina, a floresta trouxe um bônus inesperado: temperaturas sistematicamente mais baixas na área plantada causaram uma diminuição local das chuvas. Além disso, a biomassa cada vez mais rica no solo cria uma filtragem natural mais eficiente. Os poços abaixo da floresta agora coletam água potável do mais alto grau de pureza, que é engarrafada, assim como os sucos naturais de frutas tropicais, nas instalações do hospital convertido. Assim, a floresta proporciona maior oferta de água potável segura e outros produtos para a venda que sustentam a vila. E Las Gaviotas desenhou garrafas de plástico que podem ser reutilizadas como brinquedos de encaixe.
Las Gaviotas é gerida para oferecer emprego para quantas pessoas vierem trabalhar. A vila sustenta agora mais de 200 trabalhadores, que recebem remunerações diárias, segundo um esquema baseado em tarefas que paga mais que o dobro do salário mínimo nacional (de aproximadamente 800 reais por mês), além de acomodação, alimentação e atenção médica. Entre os trabalhadores, há uma grande parcela de moradores de longa data – nós conhecemos Pompilio Arciniegas, já idoso, que se lembrava de plantar a primeira árvore há mais de 20 anos, e Henry Moya, que o autor Alan Weisman descreveu como um garoto de 11 anos na década de 1970 – acompanhados de homens jovens vindos de fora, atraídos pela ideia de ganhar uma renda suficiente para satisfazer dignamente as necessidades de suas famílias. Outros trabalhadores chegam em busca de um lugar em que possam viver sem medo dos conflitos civis. Além dos postos de trabalho diretos criados, mais de três mil pessoas são beneficiadas indiretamente por Las Gaviotas.
A vila em si tem 50 famílias de moradores, totalizando por volta de 200 pessoas. Ao longo dos anos, cerca de 30 crianças nasceram no local e mais ou menos 500 crianças da vila e das redondezas frequentaram a escola de Las Gaviotas. Os habitantes adultos se revezam entre os vários trabalhos da vila, da construção à plantação e da jardinagem à cozinha. Entre outros benefícios, esse sistema prepara todas as pessoas para contribuir criativamente para melhorar a produtividade e para atingir a satisfação de todos. Quatro moradores recebiam aposentadoria depois de terem trabalhado por 25 anos.
O sucesso de Las Gaviotas em prover para a comunidade a partir dos produtos da floresta tropical regenerada estimularam sonhos de expandir a floresta pela savana, com benefícios ambientais e sociais. Um mapa afixado na parede da fábrica mostra as regiões da província de Vichada que têm a drenagem suficiente e a mineralogia adequada. O total chega a três milhões de hectares, quase 400 vezes o tamanho de Las Gaviotas, sem considerar terras adicionais na província vizinha de Meta. O sequestro de carbono da floresta é estimado em dezoito toneladas por hectare, de forma que ela sequestraria por volta de 50 milhões de toneladas de carbono por ano ao longo de seu ciclo de crescimento de 50 anos, reduzindo em cerca de um quarto a emissão de gases do efeito estufa pela Colômbia durante esse período.
A expansão de um projeto de biodiversidade inspirado por Las Gaviotas a tal escala empregaria dezenas de milhares de trabalhadores e beneficiaria centenas de milhares de pessoas. O sonho ampliado de Lugari permitiria a essas pessoas viver em regiões de vilas sustentáveis economicamente, socialmente e ambientalmente, em harmonia produtiva com a natureza. Essa conquista mudaria as condições de vida de grande parte do povo colombiano e transformaria a percepção mundial do país.
Os planos de realizar essa extraordinária transformação ambiental e social, a começar por uma expansão de dez vezes a floresta de Las Gaviotas, receberam apoio do presidente Álvaro Uribe em 2004. A Aeronáutica colombiana ofereceu um terreno para a replicação inicial da iniciativa. O nome do lugar é Marandúa, que, no dialeto local, significa “portador de boas notícias”. O terreno abarca cerca de três quartos de uma área militar que ocupa 70 mil hectares, a aproximadamente 100 quilômetros do Rio Orinoco, no leste de Vichada. O compromisso da Aeronáutica com o desenvolvimento sustentável como um caminho para a paz configurou algo novo na história das forças armadas de qualquer país latino-americano.
Um importante parceiro e promotor do projeto de reflorestamento de Marandúa é o Zero Emissions Research and Initiatives (ZERI), liderado pelo empreendedor belga Gunter Pauli, ex-diretor da Ecover, fabricante de produtos domésticos ecológicos. Pauli fundou o ZERI em 1994, depois de perceber que até os seus produtos biodegradáveis dependiam de um sistema de produção que era insustentável. Sob sua liderança, o ZERI promove o padrão de sustentabilidade “intransigente, mas incontestável” de resíduos zero, apoia a pesquisa necessária para torná-lo realidade, e implementa sistemas pensados para criar valor ao recolher resíduos de uma empresa e levá-los para outras como matéria-prima, tornando anacrônico o próprio conceito de “resíduo”.
Pauli conheceu Paolo Lugari inicialmente em 1984, quando visitou a Colômbia com seu mentor Aurelio Peccei, fundador do Clube de Roma (que é mais conhecido por ter comissionado o revolucionário estudo Limites do Crescimento, de 1972). Ao reconhecer Las Gaviotas como um exemplo vivo dos princípios que apoia, Pauli tornou-se o mais ativo defensor da vila como modelo mundial de desenvolvimento sustentável. O ZERI apoiou os esforços de Las Gaviotas levantando quase 100 mil dólares em doações privadas. A instituição também colaborou com o projeto de Marandúa, procurando investidores internacionais com o argumento da “responsabilidade social corporativa” e implementando mecanismos inovadores de financiamento.
Um desses mecanismos combina dois componentes do sistema de reflorestamento: o sequestro de carbono e a produção de água pura. Diante do crescimento da demanda por ambos os produtos, Las Gaviotas está buscando contratos de longo prazo para fornecer água potável, dando incentivos para que compradores internacionais obtenham certificados de sequestro de carbono de acordo com o Protocolo de Quioto. Tais contratos permitiriam abater as emissões de carbono dos compradores (inclusive aquelas resultantes do transporte internacional da água), uma vez que financiariam o plantio de novas e biodiversas florestas.
O segundo mecanismo para financiar os esforços de reflorestamento é o ecoturismo. A Colômbia é um país de extraordinária biodiversidade, graças à sua localização nos trópicos e à variedade de seus hábitats – dos litorais no Caribe e no Pacífico até as três cadeias dos Andes que atravessam o país, com picos que atingem 5.800 metros acima do nível do mar, e as vastas planícies e florestas tropicais das províncias ao leste. Entre as atrações da savana está o intocado Parque Nacional Tuparro, separado de Marandúa apenas pelo Rio Tomo. Embora a violência interna que afligiu a Colômbia tenha limitado o turismo e a pesquisa ambiental, o potencial de desenvolvimento futuro é enorme.
Na primavera de 2005, depois de dez anos em que o conflito interno impediu a visita de qualquer pessoa de fora (colombiana ou estrangeira), nós tivemos o privilégio de visitar Las Gaviotas e Marandúa guiados por Gunter Pauli. O timing da primeira visita, em maio, foi ditado pela filmagem de um documentário da Fuji TV que seria exibido no começo de junho, durante uma visita de Estado do presidente Uribe ao Japão.
Através de esforços como a venda de água, visitas internacionais e diplomacia de alto nível, o projeto de Marandúa foi se tornando realidade. Esse fruto representa o desenvolvimento orgânico dos sonhos e esforços de muitas pessoas: o próprio Paolo Lugari, o governo colombiano, o comandante da Aeronáutica e seus oficiais, um empreendedor belga, e muitos outros que confiaram no enorme potencial oferecido pela riqueza e biodiversidade do país. O grande sonho é que a savana reflorestada se torne a casa de centenas de milhares de pessoas que possam viver em paz e contribuir com o seu trabalho para gerar riquezas em um dos ecossistemas mais limpos do mundo.
Em uma das paredes do centro comunitário de Las Gaviotas, há um mural colorido, pintado por um artista local que assina suas obras apenas com o seu número de identidade. O mural retrata o passado, o presente e o futuro de Las Gaviotas, assim como os sonhos do artista: moradores e suas crianças trabalhando e brincando, tocando músicas e dançando na companhia de diversos animais selvagens nativos. No centro do mural há uma frase: “A maturidade consiste em transformar sonhos em realidade”. Paolo Lugari gosta de dizer: “Se você não sonha, deve estar dormindo!”. O sonho realizado de Lugari e seus companheiros colombianos brilha como um farol de esperança em um mundo atormentado.
Gloria Eugenia González Mariño
Professora associada e diretora de pesquisa e desenvolvimento na Faculdade de Engenharia da Universidade de la Sabana, na Colômbia.
Richard E. White
Professor emérito de astronomia no Smith College, em Massachusetts, e presidente da Aliança de Sustentabilidade do Sudoeste do Colorado.
Otoniel Carreño
Fotógrafo, membro da Fundación Centro Experimental Las Gaviotas, Colômbia.
Como citar
MARIÑO, Gloria E. González; WHITE, Richard E. Las Gaviotas. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, n. 10, p. 94-101, mai. 2017.