OUTRAS CIDADES
E VIDAS POSSÍVEIS
PISEAGRAMA
Oito imagens de como a vida poderia ser em poucos anos. Reflexões, propostas e histórias de mudanças, em uma visita guiada ao melhor já publicado na PISEAGRAMA.
Nos últimos dias, engajados com a campanha de financiamento da PISEAGRAMA, nos perguntamos sobre as mudanças que poderiam ocorrer, nas cidades e na vida, em dois anos, quando teremos realizado quatro números da revista e publicado algumas centenas de artigos no site.
Decidimos revisitar histórias publicadas, inventariar transformações promissoras e produzir imagens que ajudassem a prospectá-las. O conjunto serviria para divulgar a campanha de assinaturas, mas também para fomentar imaginários e instigar ações práticas.
Quando lançamos a PISEAGRAMA, em 2011, a discussão sobre espaço público no Brasil era um deserto: pensamos a revista como uma plataforma de enfrentamento à privatização progressiva das esferas do público (saúde, educação, segurança, mobilidade, lazer) e ao abandono dos espaços urbanos e das esferas de debate.
De lá para cá, muita coisa aconteceu. Há quem diga que o país inventou uma esfera pública, muito representada em junho de 2013, mas também nas ocupações urbanas e nos diversos movimentos em torno de bens comuns pelo país.
Nesse período, publicamos oito números da revista, cerca de 200 artigos (todos disponibilizados gratuitamente no nosso site), e dezenas de milhares de bolsas de uma campanha com as frases #OnibusSemCatraca #ParquesAbertos24h #CarrosForaDoCentro e #UmaPraçaPorBairro, que circulam pelo Brasil em compartilhamentos reais, a partir dos corpos nas ruas.
Será que, se lançassemos a campanha hoje, essas frases seriam as mesmas? E daqui a dois anos? O que pode ter mudado? Em nossas ações individuais, em que medida conseguimos transformar as pequenas coisas da vida para que ela seja mais prazerosa, ecológica, coletiva, justa, sensata?
Aqui você encontra oito imagens, que em conjunto fomentam o imaginário de outras vidas possíveis num curto espaço de tempo e proporcionam (atenção para os hiperlinks!) uma visita guiada a uma parte do melhor já publicado em PISEAGRAMA.
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1_ abandonar de vez o automóvel
Apostar em reformas urbanas que privilegiem pedestres, ciclistas e transporte público, como em Bogotá, como na proposta de Tarifa Zero de Lucio Gregori, ou na prática ciclística do prefeito de Londres.
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2_ quebrar o asfalto e plantar tudo quanto houver
Transformar viadutos abandonados em um parque de diversões, aproveitar estruturas existentes e nunca demolir, e, quando a ânsia das transformações cosméticas bater à porta, não fazer nada com urgência. Rever a relação com os ideais de desenvolvimento e entender que o trem do progresso deveria ir em muitas direções.
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3_ (re)aprender a andar de carrinho de rolimã
Aprender o valor econômico do tempo livre, resgatar campinhos e playgrounds, derrubar os muros das escolas, construir parquinhos de diversões em lotes vagos.
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4_ menos guarita, mais feirinhas
Aprender a ver poesia nos varais, transformar a fachada do prédio em um álbum de retratos, construir conjuntos habitacionais em processos participativos com futuros moradores, ativar o comércio de rua para deixar as calçadas, as ruas e as cidades melhores.
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5_ tornar um rio limpo
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6_ cultivar uma horta
No quintal, na varanda, na banheira, no carrinho de compras, no jardim central. Conhecer histórias de preservação e compartilhamento de sementes, passar a adquirir suas verduras nas feiras e de pequenos agricultores, trazer a agricultura urbana para o centro do debate de planejamento das cidades.
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7_ levar as crianças pra escola de bicicleta
Andar a pé pela cidade, olhando o outro pelos olhos, fantasiado ou de rolê. Viver a vida entre edifícios, imaginar um passeio aquático sobre minhocões e trincheiras.
Tornar a bicicleta o meio de transporte irresistível para sua cidade até que ela cresça tanto que transforme as relações sociais.
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8_ adotar uma capivara
Extinguir de vez a visão da fauna e flora como empecilhos para o progresso. Conhecer histórias trágicas de destruição mundo afora, acompanhar a situação crítica e conhecer as possibilidades de reflorestamento da Amazônia, plantar orquídeas onde reinam lixo, asfalto e automóveis.
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Em uma das críticas mais bacanas que já recebemos (disponível aqui) Hermano Vianna comenta como as ideias publicadas na PISEAGRAMA podem ser colocadas em prática. Basta vontade – política, pessoal, coletiva. Que essas imagens ajudem a fomentar vontades. E que a campanha de assinaturas alcance os mil assinantes para que a revista continue a existir e dar suas pequenas contribuições para as mudanças que urgem 😉
PISEAGRAMA
Uma plataforma editorial sem fins lucrativos, sem publicidade e open access que se dedica a inventar confluências, catalisar ideias urgentes e reunir pessoas para pensar outros mundos possíveis em aliança com coletivos urbanos, LGBTQIA+, afro e indígenas.
Como citar
PISEAGRAMA. Outras cidades e vidas possíveis. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, seção Extra! [conteúdo exclusivo online], 18 nov. 2015.